Jean Gillon nasceu na Romênia em 1919. Sua extensa e diversificada trajetória artística compreende pintura, gravura, cenografia, escultura, tapeçaria e design de móveis. Projetou diversas residências, lojas e hotéis de luxo e teve expressiva atuação ecologista em defesa da vila paulista de Embu das Artes, em que construiu sua "casa-refúgio" e ateliê. Começou os estudos em Iasi, sua cidade natal, onde formou-se na Escola de Belas Artes e, com 25 anos, fez a primeira exposição de gravuras, na Galeria Socec. Sua escolha pelo mundo artístico foi de encontro à tradição familiar de agricultores e, por esse motivo, desde muito jovem desenvolveu trabalhos remunerados de cenografia. Decorou diversos palcos e criou figurinos para peças de teatro e dança em Israel, na França e no Brasil. Aqui trabalhou com importantes personalidades ligadas às artes cênicas, como Cacilda Becker, e teve sua atuação reconhecida nessa área ao receber em 1962, da Associação Brasileira de Críticos Teatrais no Rio de Janeiro, o prêmio "Cenógrafo Revelação".
Desde os anos 1940 viajava muito, morando alternadamente em Iasi, Paris, Israel e Viena. Passava longas temporadas em Paris, onde alugava um ateliê em Saint Germain de Près. Lá aprendeu tapeçaria enquanto trabalhava como caricaturista para o jornal "Le Monde" ou fazia cenários para o Ballet de Paris. Também esteve no Egito. Em 1949 estudou Arquitetura em Viena, na Kunstgewerbschule (antiga Escola de Artes Industriais, hoje Universidade de Artes Aplicadas). No ano seguinte foi professor visitante em Londres, onde lecionou na Arts & Crafts School.
Em 1956 casou-se com Edith, com quem teve duas filhas, Gabriela e Laura. No mesmo ano do casamento, atraído pelo sucesso da arquitetura brasileira na cena internacional, o casal veio para o Brasil, estabelecendo-se em São Paulo. Gillon começou a trabalhar como arquiteto e, em função dos seus projetos de decoração, em 1958, passou a desenhar e fabricar móveis, que também eram vendidos nas suas lojas Adorno. Em 1961 fundou a fábrica de móveis Cidam (depois chamada WoodArt) e colaborou com outras empresas, como a Italma, Probel e Village, que produziram alguns dos seus projetos de móveis. A partir de 1964 priorizou a produção de móveis para o mercado internacional, participando de várias feiras e exposições, exportando para 22 países.
Em uma de suas idas e vindas à Bahia, por conta dos numerosos projetos de arquitetura e decoração que lá desenvolvia, conheceu Genaro de Carvalho, a quem começou a encomendar tapeçarias. Sem poder atender às demandas de Gillon, Genaro o incentivou a fazer ele mesmo suas tapeçarias. Assim, em 1964, na Alemanha, fez suas primeiras exposições de tapeçarias, porém, no Brasil, esses trabalhos somente começaram a ser apresentados em 1969.
Gillon participou de mais de 80 exposições e eventos de arte, 60 dos quais foram mostras de tapeçaria. Seus trabalhos integraram importantes exposições individuais e coletivas em Paris, Tel Aviv, Viena, Colônia, Frankfurt, Copenhagen, Lausanne, Genebra, Nova York, Nancy, Chalon, Saarbrücken, Angoulême, Charleroi, Lisboa, Tampa e Toronto. No Brasil, teve ativa participação em relevantes eventos de tapeçaria promovidos por museus paulistanos e outras instituições, a exemplo da Bienal de Tapeçarias no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 1974 e das Trienais da Tapeçaria Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) em 1976 e 1979.
Das premiações e reconhecimentos que Gillon recebeu, destaca-se, em 1968, sua poltrona "Jangada", que alcançou sucesso internacional pela originalidade e inovação no uso da rede de náilon, recebendo também prêmio da Movesp em 1991. Continuou criando numerosas tapeçarias até 2003, com grande sucesso nas galerias comerciais e muitas vezes premiadas nos circuitos especializados nacionais e internacionais nos anos 1980. Gillon faleceu em 2007 em São Paulo.