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Nair de Carvalho (1933 - )


Nair Pimentel, em 1950, aos 17 anos já era modelo manequim, em 1953 foi garota propaganda do primeiro café solúvel chegado no Brasil, participou do início da televisão brasileira na Rede Tupi e na TV Paulista (canal 5 VHF) onde atuou ao lado de Graça Mello. Fez campanhas de propaganda para diversos setores. Foi contratada pelas empresas de moda Valisère e Rhodia para a qual estava desfilando em 1955 no Copacabana Palace, quando Genaro de Carvalho ao vê-la, se apaixonou perdidamente à primeira vista. O romance de Nair com o artista plástico mudou sua vida e marcou época, o casal conviveu e participou ativamente da cultura baiana com projeção internacional. Em 1957, após o seu casamento, Nair mudou-se de São Paulo para Salvador e assumiu, no ateliê de Genaro, a administração da elaboração das obras de tapeçaria. Foi grande companheira e musa inspiradora de Genaro, tendo colaborado de forma pratica para a realização dos seus projetos.

Nair sempre teve talento artístico e Genaro a incentivava, porém somente após sua trágica morte em 1971, que Nair se dedicou à sua carreira. Entre 1973 e 1974 fez cursos livres na França, de arte na Sorbonne e na Acadèmie de la Grande Chaumière, e de museologia no Louvre. Iniciou suas exposições em 1975 no MAM-BA e se notabilizou, com sua obra artística ingênua, internacionalmente tendo realizado exposições de 1976 a 1992, na Áustria, Dinamarca, Estados Unidos, Guatemala, Holanda, Inglaterra e Suíça, entre 1994 e 2014 expôs em várias cidades no Brasil. Flavio de Aquino, em sua matéria na revista Manchete de 1976 sobre "Os paraísos tropicais de Nair de Carvalho", constatou: "Criando um mundo feérico, esta artista baiana faz sucesso em Londres e no Brasil. Nair sempre gostou de arte; por vocação e porque era casada com um dos maiores tapeceiros do Brasil: Genaro de Carvalho. Pintava desde garota, mas só de vez em quando. Enviuvou e então atacou a pintura dia e noite, soltou a imaginação para "traduzir em formas visíveis idéias do meu mundo de sonho", disse Nair"". Jorge Amado em 1978 se referiu à obra de Nair: "... a graça, a rica sensibilidade, o senso de encantamento, a abordagem quase infantil do mundo, ... deu a Nair seu próprio lugar na arte da Bahia".

A consagrada artista Nair é também bem conhecida como a viúva de Genaro, que mantém viva sua memória junto às instituições, defende e preserva sua obra, sendo algumas tombadas pelo Patrimônio Histórico da Bahia, organiza seus arquivos históricos e trabalha na divulgação do artista colaborando com a publicação de livros, como no último de sua autoria: "GENARO tecendo memórias", editado em 2019 pela ALBA - Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, que foi lançado em São Paulo na Galeria Passado Composto Século XX com venda beneficente em prol do Instituto Jô Clemente.

Graça Bueno

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